quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Acontece

   
      Ela estava ali, naquele bar, naturalmente linda. Segurava firme um copo de alguma coisa, o esmalte vermelho destacava sobre a bebida transparente. Ali também estaria ele, com a sua superioridade ordinária exalando seu charme másculo, interessante. Porém, por preguiça do acaso eles ainda não haviam se encontrado.
      Mas, às vezes, o acaso é generoso e fez com que, entre uma volta e outra, ele desse de cara com aquela estrutura essencialmente magnífica traduzida em um vestidinho curto que mostrava, num desenho lógico, o que ela não conseguia esconder. Resultado: atração imediata.
      Abordou-a como um caçador que prepara o terreno para abater sua presa. Justamente assim. E quando ela percebeu, estava rindo, ouvindo, estava ali. Surpreendida por aqueles olhos negros, barba por fazer... Ele tinha preparado a armadilha, ela tinha caído.
       (Nota de rodapé) Porém, ela era aquele tipo de menina que tem o coração fácil. Achava o amor da sua vida a cada fim de semana e permanecia perdidamente apaixonada, sempre. Qualquer coca-cola poderia ser rastro de um casamento futuro. Ele era interessante. Sabia disso. E, exatamente por esse motivo, era completamente apaixonado por si. Tinha a mulher que quisesse na cama escolhesse.
         Voltando aos acasos da história, depois de algum tempo de conversa, risadas e drinks ele a beijou. Passaram a noite inteira como se já se conhecessem há anos. Ele pediu-lhe o telefone. Não sei se por causa do álcool ela já estaria perdidamente apaixonada. Ele, completamente satisfeito. Deixou-a em casa com a promessa de ligar-lhe no dia seguinte.
          O dia seguinte foi esperado como se fosse aquele o último. Ele ligou, marcaram de sair e assim aconteceu durante todo o mês, ela estava de fato apaixonada e, infelizmente, ele percebera isso. Fim de papo. Sumiu. Desapareceu. Ela conheceu outro rapaz um mês depois e agora estão saindo. Estão bem. E assim termina mais uma história real.
          Porque ele não ligou? Porque, agora, o papelzinho do telefone dela foi parar na gaveta onde ele guarda todos os outros. Por quê? Simples, ele não estava tão afim. Por quê? Não, ela não é feia, não é gorda, não tem chulé, não fala demais. Ele só não estava mais afim. Vai ser assim com a menina que ele conhecer hoje à noite também. Se ele vai ligar de novo? Sim, ele vai. Talvez precise, mas não fique brava se ele não lembrar seu nome.

3 comentários:

  1. Queria ser esse cara. Mas como além de raro, sou uma especiaria, não o sou. Belo texto. Abraços.

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  2. Isso de não estar mais afim acontece nas melhores (e piores) famílias. Mas parabéns pelo blog, i'm follow you.. sucesso e progresso.

    :*

    valentim, eric.
    http://all-aboutnothing.blogspot.com/

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  3. TEXTO LEGAL
    PREGUIÇA DO ACASOO KKK BOA

    ACONTECE NÉ

    :)

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